Entrevista com Leandro A. Costa, CEO e founder da Lobby

De um grupo de WhatsApp do prédio e alguns pivots, o santista-paulistano Leandro teve seus insights para criar a Lobby, uma startup que está transformando como as empresas administram seu espaço de trabalho. Para entender melhor como surgiu a ideia dessa startup, batemos um papo com ele. Confira:

Leandro, em um breve resumo, o que você fez profissionalmente antes da Lobby?

Comecei trabalhando como web designer e, depois de alguns anos em agência e consultoria de software, faculdade, MBA, decidi empreender. Aos 23 anos, comecei minha primeira startup, um delivery online de comida que se chamava Hungroo. Na época, o produto deu certo, conquistamos Santos e região e milhares de pedidos por mês. Porém, em 2012, o iFood já tinha se tornado relevante e, por conta disso e do fato de termos cometido alguns erros, optamos por fazer uma saída com eles. No mesmo período, tinha conhecido o fundador da BankFacil — nome anterior a Creditas, e fui o primeiro a entrar no time. O negócio deu bastante certo. Fui um dos sócios/CTO e participei dos primeiros cinco anos da empresa.

E como foi essa transição para criar a Lobby? Qual era o contexto? E qual foi o insight?

Foi uma transição longa. Da minha saída da BankFacil, que foi um momento difícil, decidi tirar uns meses para viajar, no que resultou numa experiência morando fora do país, em Melbourne, na Austrália. Em 2018, estava de volta a São Paulo e surgiram alguns convites para entrar em outros lugares. Ajudei outros empreendedores, mas queria mesmo era começar algo do zero, de novo. Comecei o processo de busca e idealização, primeiras conversas e pesquisas sobre algum modelo que me interessaria empreender e que teria fit comigo. Como todo empreendedor sem sócio no início, você se sente muito mais sozinho. Virei cliente VIP do Starbucks 🙂

Mas teve algum fato ou história que deu o estalo para a Lobby?

Comecei a entender melhor o mercado de condomínios depois de uma experiência no prédio onde eu morava. No WhatsApp do prédio rolava variadas discussões dos moradores, mas também tinha muita gente pedindo, inclusive eu, indicações de faxineira, eletricista, dogwalker, etc… me interessei em entender melhor a dinamica de serviços dentro dos prédios. Nesse período de formular melhor a tese, eu tinha alugado uma mesa na WeWork para ficar mais perto de empreendedores e investidores. A WeWork na época estava mostrando pro mercado que a experiência dentro do ambiente de trabalho precisava ser diferente. Parecia obvio acontecer esse movimento no resto do mercado nos próximos anos. A tese de serviços nos prédios comerciais parecia fazer bastante sentido. Me identifiquei com o propósito do negócio. Decidi, então, emergir nos problemas e começar pra valer. Fim de 2019 começamos um MVP com primeiros prédios, mas tivemos dificuldade em tracionar com os condomínios. Topamos mudar nosso produto bem no início do COVID-19. Continuamos com a mesma essência mas com um novo propósito, ajudar as empresas a poupar tempo, economizar e administrar melhor seu espaço de trabalho. A situação da pandemia tem sido um desafio grande pra gente, mas acreditamos que nossa proposta de valor se torna essencial na crise, onde empresas buscam por mais flexibilidade na gestão dos espaços e serviços, e o imobiliário de escritórios por melhor atrair e reter seus clientes.

Você já conhecia os seus sócios? Ou estava sozinho nessa?

No período que mudei pra WeWork apareceram os co-founders e montamos o time inicial.

Eles já estavam pensando em algo parecido?

No caso do Simon, ele estava no começo de um modelo de marketplace de serviços, por ser dinamarquês, estava pensando em formas diferentes de garantir melhor a qualidade do serviço aqui no Brasil.

Qual era o momento da Lobby antes do projeto de branding?

Estava num processo de captar uma rodada pre-seed e formar time.

O primeiro nome foi “OndeMora”, ideia que surgiu para o ambiente residencial. Chegamos ao nome Lobby em um processo interno. Tem a ver com prédio, ambiente de trabalho. É o lugar que você dá “olá, bom dia” e “até logo”. É onde as pessoas se encontram, se conectam.

Qual foi o maior impacto do branding no negócio?

Foi bem importante. O impacto não foi só visual. Teve um racional por trás, que a gente gostou bastante. Tem a ver com o propósito, com a visão. Conseguimos entender a essência, que está em conectar o mundo real, o espaço e as pessoas.

Branding ajudou também a nos posicionarmos, já que é um mercado com diversas personas. E, além disso, o usuário final precisa enxergar a gente. Não poderia ser algo vazio, empresarial, chato. E também não poderia ser algo muito legal, cool. Precisava ser algo no meio disso. Esse foi um dos maiores desafios quando começamos a falar o que imaginávamos.

O que mais te surpreendeu nesse processo?

O resultado ficou além das expectativas, foi inteligente. Como a gente estava muito no começo e ainda estava aprendendo, o desafio era poder navegar como startup sem perder a essência. Era ter uma marca que transmitisse nossa essência e permitisse mudanças.

A ideia surgiu mais em serviços. Hoje, estamos simplificando a comunicação do prédio e atendendo as dores de quem cuida do escritório.

Como você definiria branding atualmente?

Antes, achava que era uma identidade visual, um logotipo e um posicionamento, mas percebi que tem um passo atrás, mais amplo, que é de estratégia do negócio, que dor a gente quer resolver no mercado, quais os problemas, quem são os nossos clientes, os possíveis concorrentes, que produto a gente está elaborando, quem são os fundadores, como a gente enxerga o mundo.

Na sua opinião, em qual estágio de uma empresa é hora de trabalhar branding?

Imagino que em qualquer estágio.

Nesse processo, eu acompanhei a Brand Gym em outras startups e, inclusive, indiquei a agência. No começo da startup, é importante para você ter algo mais profissional. Em etapas mais avançadas, vai depender de como ela quer se posicionar estrategicamente.

Muitas empresas preferem internalizar a maioria dos trabalhos, ainda mais em estágio inicial. O que você consideraria na hora de fazer branding dentro de casa ou contratar uma agência?

Tentamos fazer dentro de casa. Pegamos alguém que “desenha” pra

fazer o logotipo. Não deu consistência. O resultado foi ruim. O que a gente desenhou de logo não funcionava com as outras aplicações. Recomendaria terceirizar com alguém que faz isso bem feito.

O desafio de quem está no começo é destinar grana para algo que dá pra fazer dentro de casa. Aí é um dilema. Se for apenas para validar produto, algo curto, de dois, três meses, acho que não precisa. Mas se quiser ter uma consistência, ir pra frente, aí pode fazer sentido. Se for uma startup que já levantou grana, acho que é importante.