Conduzindo uma entrevista
O que a maioria dos founders de grandes startups tem em comum? Todos eles conhecem muito bem seus consumidores. Apesar de, num primeiro momento, esse conhecimento em profundidade parecer uma tarefa fácil, na prática isso se apresenta como um enorme desafio. Chegar nas melhores respostas e melhores insights em conversas com os consumidores só é possível por meio de uma entrevista bem conduzida. Nessa segunda parte da série de três capítulos, vamos dividir algumas dicas para você se destacar na condução dessas descobertas.
Na Brand Gym, nós seguimos 3 etapas que consideramos muito importantes no processo de realização de uma pesquisa:
PRÉ:
1º – Definição de Outcome
2º – Escolha dos Entrevistados
3º – Preparo do Roteiro
DURANTE:
4º – Condução
PÓS
5º – Análise
Neste artigo, vamos falar sobre o “DURANTE”: a condução da entrevista. Em breve, vamos falar também sobre como analisar o que foi coletado. E caso você queira dar uma olhada na etapa “PRÉ”, é só acessar o artigo Como realizar uma entrevista.
COMO CONDUZIR UMA ENTREVISTA
Primeiro, apresente-se
Fale sobre você fazendo um recorte sobre o que interessa ao entrevistado. A ideia aqui é ser objetivo, um tweet. Ou seja, nada de contar sua biografia. Falar um pouco de si mesmo pode fazer com que a pessoa não fique tão intimidada.
Não esteja cansado
Apesar de parecer óbvio, o que acontece na prática? Você agenda 10 entrevistas em sequência e quando chega na quinta, você já está cansado, mal-humorado, querendo acabar logo.
Faça as entrevistas em dias ou horários espaçados ou dê intervalos entre elas. Entrevistar alguém é um processo de escuta ativa, dessa forma, se você estiver cansado, não vai conseguir processar as informações e aproveitar as deixas do entrevistado.
Tenha tempo para passar do tempo
Pode acontecer da entrevista se estender além do tempo programado. Então, a depender do entrevistado, pergunte se ele ou ela pode passar do tempo e já adicione esse “chorinho” na sua agenda.
Deixe as regras sempre claras
Para o entrevistado se sentir à vontade, é importante que ele ou ela saiba para quem e por que está respondendo ao questionário.
Depois de se apresentar, explique o porquê da entrevista. Na Brand Gym, usamos esse modelo aqui:
Essa pesquisa é para ________________. Eu vou te perguntar ____________________. É confidencial e para uso interno, então não vou publicar em nenhum lugar. Estou gravando, porque pode ser que eu perca alguma informação importante e assim posso checar o áudio depois. Ela vai durar ___ minutos.
A entrevista não tem certo nem errado, quero ouvir sua opinião, então pode ficar à vontade.
Seja curioso
O roteiro não é um script, é um guia. O objetivo é você coletar os melhores insights. Então, tente aproveitar todas as deixas do seu entrevistado. Se o intuito fosse seguir um roteiro, a entrevista poderia ser substituída por um formulário. Se há a necessidade de uma interação humana é porque a sua interpretação durante a entrevista vai moldar o curso das perguntas.
Não é hora de dar sua opinião
Evite falar o que você acha; você está entrevistando a pessoa para saber o que ela pensa. Fazer isso pode enviesar as respostas.
A única exceção é caso você queira criar relacionamento ou fazer com que a pessoa se solte. Assim, concordar com ela e com as respostas dela pode ajudar na condução.
Não pressuponha coisas
As pessoas tendem a responder “sim” em entrevistas. Não responda por elas e não tenha medo do silêncio. Por exemplo: se alguém falou que deixou de fazer academia e, anteriormente, também falou que estava com a rotina muito agitada, não assuma que um foi consequência do outro. Às vezes, teve alguma questão familiar, de saúde, mudança na rotina etc. Por isso, entender o motivo em vez de pressupor é tão importante. Pergunte “por quê?”.
Na dúvida, repita
Para garantir que entendeu bem o que a pessoa falou, você pode repetir o que foi dito, confirmando o entendimento. Só tome cuidado para não fazer algumas conclusões pessoais.
Vá em dupla
Uma pessoa conduz e a outra transcreve, escreve insights e garante que a entrevista não acabe sem as perguntas respondidas. Isso economiza tempo e ajuda a ter uma segunda percepção sobre o que foi falado.
Se precisar cortar a pessoa, tudo bem
Às vezes, a pessoa começa a falar sobre um assunto que para você é irrelevante. Quando isso acontecer, fale algo como: “vou te interromper aqui porque quero usar nosso tempo para aprofundar em outro tema” e mude de assunto. Você estará sendo educado e a pessoa vai entender seu ponto.
Não corte a pessoa no meio de uma ideia, nem termine a frase para ela
Não é uma conversa, é uma entrevista. É natural que a gente queira interagir, mas a sua interrupção pode dificultar o desenvolvimento de insights próprios da pessoa. Quando isso acontece, você não pode usar sequer o quote da entrevista, porque teve ali uma fala sua e não do entrevistado.
Depois de todos esses pontos, você vai precisar seguir adiante no processo, analisando o conteúdo gerado. E esse é o assunto da 3a parte desta minissérie: “Como analisar uma entrevista“.
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Esse foi um conteúdo criado a partir do Mini Treinamento, um dos tipos de eventos quinzenais que realizamos. Para ficar de olho nos próximos encontros, acompanhe a gente na Comunidade, no LinkedIn ou no Instagram.